quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Metalinguística e outras figuras.

             Admiro as pessoas que conseguem escrever ficções e contos.  Pra mim, escrever é algo tão pessoal, tão íntimo, que é como se eu estivesse nua na frente de algum estranho, e ele, ficasse ali analisando as gorduras localizadas do meu corpo. Escrever pra um blog é mais íntimo ainda, afinal, ninguém em sã consciência divulga fotos suas nuas na internet né?
             E por ser assim tão íntimo é que não consigo me imaginar escrevendo sobre algo que não vivenciei. O problema é que já percebi que quando conto algo pra alguém acabo aumentando, diminuindo ou elevando certos pontos que EU julgo importante, é complicado ser imparcial. Comigo pelo menos é assim, dificilmente repasso algum fato do meu dia a alguém com completa isenção. Se eu falo de uma pessoa que alguma amiga minha não goste, certamente incluirei na história comentários maldosos sobre o ser em questão.  Ou se algo ruim acontece no meu dia, quando repasso a história acabo por ressaltar os pontos ruins com o escopo de induzir, mesmo que sem intenção, o ouvinte a acreditar que meu dia foi realmente uma porcaria.
            Já me disseram que isso é o que faz um bom advogado, um bom jornalista e um bom escritor. Não sei se é bem verdade, acho um pouco antiético isso, mas, enfim...
            O que eu queria dizer quando abri o documento do Word e comecei a escrever é que... não sei o que eu queria, na verdade, eu queria escrever, sem tema, sem preocupação se o estranho aí  que está me lendo agora está achando que seria melhor não me ver ‘nua’, pra ele, me reporto as primeiras linhas do Blog, àquelas , logo abaixo das duas palavras que foram aleatoriamente escolhidas para dar nome a isto.
           Aos demais, (duvido que tenha mais que um lendo), continuemos. Hoje, postei o meu primeiro texto, não o primeiro da minha vida, claro, sempre escrevi muito, até publiquei alguns artigos científicos já, mas eles eram cheio de pretensões vazias  e normas da ABNT, maldita ABNT , que você e suas normas morram (quem já foi obrigado a fazer uso delas sabe bem o que estou falando).  Esse foi o primeiro texto que escrevi com o objetivo claro de posta-lo, e me surpreendi que não foi difícil fazê-lo, levei coisa de 20 minutos e ‘boom’ estava pronto e disponível para quem quisesse ler.
            E como sou dependente de opiniões alheias, não qualquer opinião, apenas das pessoas que são importantes pra mim, mostrei esse o blog para 4 amigos e todos gostaram, ou mentiram pra mim.  Prefiro acreditar que gostaram e como quem manda aqui sou eu – pelo menos aqui, vou continuar postando textos despretensiosos, a maioria deles sobre coisas que aconteceram comigo ou que eu presenciei, então, se você convive muito comigo cuidado você pode ser o tema da próxima postagem.
           Vou continuar assim: nua e postando minhas fotos na internet, para que você leitor fique analisando cada centímetro do meu corpo e quem sabe escrevendo habitualmente eu fique com menos gordura localizada, com a bunda mais dura, as coxas mais grossas e você ao invés de analisar as imperfeições passe a querer me comer.  Essa não é minha pretensão, pelo simples fato que eu não tenho nenhuma.
           Ah, se você não entendeu o título sabe menos que eu (o que me deixa feliz não vou mentir) e ao invés de procurar no Google, leia Esaú e Jacó – Machado de Assis e alguns poemas de Drummond. E  Boa sorte pra nós.

Um comentário:

  1. Acho que estar nua na frente de alguém demanda menos complicações do que "desnudar-se" escrevendo. Escrevendo, por mais que se faça uso de figuras de linguagem e outros artifícios gramaticais, não nos permite plásticas e disfarces de maquiagem, principalmente propondo-se a escrever sobre intimidades. Até permite-se, mas sempre acabam ficando evidentes ou pelo menos descontextualizados.

    Tudo bem que por intimidades estão implícitas algumas estórias construídas por nossos jeitos de ver, lidar e sentir isso que chamamos vida. Mas, mesmo essas estórias relevam nossa história. Como escrevi em alguns trabalhos (abençoados pela ABNT... rs), “no sistema de representações produzidas por cada época encontra-se o verdadeiro e o ilusório, não estando isolados um do outro, mas unidos num todo, por meio de um complexo jogo dialético”.

    Sempre admirei mais as histórias “baseadas em fatos reais” porque, essas sim, contam o que as estórias nem sempre compreendem e quem sabe não seja o “incomensuravelmente despretensioso” desenrolar dos fatos reais. Talvez aí esteja a graça do jogo!

    Parabéns pelo blog e pela coragem de “desnudar-se”!

    E boa sorte pra nós!

    Beijo

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