sábado, 2 de abril de 2011

Um manifesto vazio

Pessoas me irritam. Bichos me dão medo. A solução é viver sozinha? Sou chata, eu sei. E não, não estou na TPM. Sou assim normalmente o que agrava tudo um pouco.
Não gosto de horas iguais. De salto alto. De pessoas superficiais. Não gosto de tecnologia. De modernidade. De preconceito. De pessoas que me olham por ir pra aula de havaianas roxa. Não gosto de viver em função de alguém. Buscando coisas que não são minha essência. Não gosto de não saber qual é a minha essência.
Não gosto de fingir que você é legal. E que aquela brincadeira não me dói. Ou que não estou cansada em fazer tudo ao mesmo tempo. Não gosto de não poder ajudar as pessoas com o que eu acho que sei fazer de melhor. De não fazer diferença no mundo. De não ser politicamente ativa. E de não ser por não querer me misturar com políticos que relacionam homossexualidade com promiscuidade. Não gosto de não poder mudar isso.
Não gosto de ligar a TV e perceber que pago 200 canais pra não ter novidade. Pra ver o mesmo filme dez vezes. Não gosto de não ter tempo de ver o mesmo filme dez vezes. Não gosto de morar ao lado de um parque. E não poder correr todos os dias. De ir correndo pra aula. De sentir sono o dia inteiro. De ler coisas por obrigação. E de não ler o que eu quero. Não gosto de saber que as coisas não mudam. E que o meu irmão continua estudando as mesmas coisas inúteis que eu estudei. Não gosto da estática. E do que não esta ao meu alcance. Não gosto de querer muito uma coisa e não tê-la. Não gosto de responsabilidade. De não dizer não pra certas pessoas. Da expectativa e decepção que elas me causam.
Não gosto de ter magoado quem magoei. De não ser mais as ultimas ligações de um alguém. Não queria ser ciumenta e possessiva, mas gosto de ser escorpiana.  Queria viajar mais e que tudo sempre parecesse com um comercial de cerveja. Queria sentir nas segundas-feiras o que sinto nas sextas. Queria que todos estivessem em SP quando eu também estou. E que ninguém saísse quando eu não posso ir (possessiva, lembra?). Queria fazer aula de fotografia e gastronomia. Queria participar de todas as piadas internas.  Queria não engordar comendo brigadeiro. Não precisar dormir tanto e não dormir tão pouco. Queria que me pagassem pra estudar o suficiente pra só estudar e nada mais. Queria meus amigos morando todos aqui perto, no mesmo bairro, no mesmo prédio. 
Queria que certas coisas não fossem crime. Queria andar mais de bicicleta. Sentir mais o vento no meu rosto e que ele não bagunçasse todo o meu cabelo. Queria não ter pensamentos tão superficiais. Queria não ter medo de expor alguns pensamentos, algumas vontades e quase todas as minhas opções. Queria não julgar tanto as pessoas e quem sabe ser julgada menos também. Queria mais sinceridade e menos traição. Queria poder chegar pra você e falar tudo o que eu pensei. E que todas as ceninhas que eu já imaginei na minha cabeça se realizassem. Queria que esse texto não ficasse piegas. E que quando você lesse soubesse o real sentido disso tudo. Queria realmente que você fosse personificado. Ah, eu queria mesmo você. Queria o tempo, aqui, todo pra mim.

9 comentários:

  1. Se eu falasse tudo que quero e tudo q odeio, seria mais ou menos por ai. Tirando a parte do vento no cabelo, pq achei meio gay. KKKKK

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  2. Tbm queria um bocado bem grande dessas coisas...

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  3. se eu tivesse tudo o que eu quero não ia querer mais viver ;* adorei ;D
    seguindo !

    http://floresatomicasepoemas.blogspot.com/

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  4. Que delícia este post!!
    Blog muito gostoso de ler, bastante sincero e traduz melodicamente o que muita gente sente...
    seguindo..

    ps:obrigada pela visita ao meu blog,volte quando quiser!

    http://papiando-adoidado.blogspot.com

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  5. Tá aí,escorpianos também são críticos! E eu gostei bastante do texto e vou seguir! Vlw,Ti...até Breve!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Pensei bastante tempo sobre o que comentar aqui, além do óbvio que o texto é lindo, sincero, perfeito. Talvez o que todos nós, ou boa parte, tivéssemos vontade de expressar apenas faltando às palavras certas, e a coragem. E alguém as achou!

    Mas, não concordo com o título. Vazio? Não é de nenhuma forma vazio. É cheio, repleto, abastado, pleno, abundante, e os todos outros sinônimos que não lembro agora! Vazio com certeza não é o adjetivo apropriado e não representa a magnitude das impressões aqui contidas.

    Não gosto de chamar-se vazio. E nem de parecer óbvia, mas não vou fugir disso, porque não faria jus ao belo texto. Queria que sinceridade e sensibilidade nunca fossem chamadas de vazio.

    Porém, quem sabe não seja o vazio o lugar certo para tais manifestações, essas de nenhuma forma vazias, já que o cheio é o lugar onde todos estão acostumados superficialmente e cheios.

    Parabéns pelo texto!

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  8. Eu queria um post para mim. i.i










    Brincadeira.

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