quarta-feira, 27 de abril de 2011

Release


Tem gente que quando esta estressada corre, nada, fuma..Eu escrevo. Então vamos lá, aliviar a minha tensão.  


Hipocrisia me irrita, me consome e me mata de ódio. Na minha época, não significava não. E sim, sim.  Li esses dias que o sim é o novo não e que o que pega é fazer joguinhos no amor. Ridículo. E mais ridículo ainda é ver isso na atitude de pessoas com seus trinta e poucos anos. Não que eu ache que maturidade e idade estejam proporcionalmente ligadas. Deveriam. Mas, já desisti de acreditar nisso.
Pra mim, regras e normas sociais/ morais servem apenas como um modulador, com um único objetivo: sejam todos iguais, façam o que a gente manda e vão viver bastante e ‘bem’.
Eu não vivo bem. Não vivo bem do jeito que você quer, que você espera. Eu não sou politicamente correta, não sou meiga, não falo coisas só pra te agradar. Eu não sou aquilo que você esperava de mim, não sou de Áries, não gosto de acordar cedo, não faço academia por prazer, não fico depois da aula porque sou interessada, não deixo de sair com os amigos pra te fazer feliz, não consigo controlar a minha possessividade extrema. Não consigo ignorar as suas sms, não dá. Não respeito nada que comece com ‘é proibido’. E sim, eu sou advogada. Por quê ?
Eu sou muito menos do que eu queria, mas muito mais do que você deve achar que eu deveria. Eu sou as cervejas que eu tomo, as verdades que eu falo quase sempre em tom de brincadeira, pra não te assustar tanto, eu sou a música alta no meu quarto, a praia do tombo ao amanhecer, sou os segredos que eu guardo, sou aquela nossa conversa séria.  Eu sou sãopaulina, sou um trecho dos mil livros que eu fichei desesperadamente e sem objetivo nenhum, sou a cicatriz na perna por pular uns muros de casas nos Astúrias.
Eu sou o seu melhor sorriso, aquele abraço que você nunca teve, aquela palavra que nunca foi dita, eu sou a minha raiva de não ter pulado de paraquedas e feito balonismo ainda, eu sou as promessas que eu me faço para todas as segundas-feiras do ano e que eu nunca cumpro.
Eu sou a irritação por não participar de todos os seus sorrisos, de todas as conversas , eu sou o meu ciúmes de tudo e todos, eu sou a vontade de quebrar a cara de todo mundo e a falta de força física que me impede. Eu sou a minha impulsividade em falar primeiro e pensar somente depois.
Eu sou todos os meus textos, sou a minha mania de escrever repetindo palavras, sou o meu pulso direito que estrala toda hora, sou tudo que é provisório e quase nada que é permanente. Sou insegura, indecisa e quase sempre insensata.
Sou tudo o que falo, respiro, sinto, bebo e fumo. Sou aquilo que você nunca vai entender. Eu sou a eterna saudade de outubro de 2010. Eu sou o ‘foda-se’ enquanto bêbada e o ‘fudeu’ no dia seguinte.
Eu sou o que eu discuto, o que eu defendo. Eu sou àquela que não mantém como seu ideal de felicidade: um carro, uma mansão e muito menos um cara ricaço pra me bancar. Sou aquela que desvaloriza exatamente tudo isso. E que idealiza um par de havaianas, uma mesa de bar e os amigos todos bem perto. Eu sou aquela que esta sempre disposta a salvar os amigos. Em todos os sentidos possíveis e naqueles que você nem de longe imagina.
Ei, eu sou aquela que não importa o que você pense e o quanto isso ainda possa me prejudicar, vou continuar dizendo: Eu quero que se FODA essa porra de sociedade. 

9 comentários:

  1. Pra mim, você é simplesmente FODA!!
    Amo seus textos e amo você!
    E que se foda mesmo essa sociedade de merda!

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  2. "sou tudo que é provisório e quase nada que é permanente."
    Genial

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  3. "Pago minhas contas, sou limpinho, não sou como vc filho da puta, viadinho"
    Vc consegue escrever um texto extremamente egoísta e se tornar, sempre, tão geral.
    Vc é FODA, DIGDIN DIGDIN DIGDIN...

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  4. Nossa simplismente amei o seu textoo!!
    um desbafo verdadeiro e poetico...

    voce escreve muito bem..

    tambem prefiro um havaianas e um monte de amigos perto

    adorei esta parte :
    "...Sou tudo o que falo, respiro, sinto, bebo e fumo. Sou aquilo que você nunca vai entender..."

    um grande abraço..
    nao suma tanto..adoro vir aqui a espera um texto seu..

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  5. Ver os comentários dos meus amigos aqui me deixa muito feliz. Mas, ler de uma pessoa que nunca conversou comigo que eu escrevo bem e que ela espera por textos meus,faz muita coisa valer a pena.
    Obrigada!

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  6. Eu conheço você. Ou conhecia, sei lá. Me dá uma dorzinha no peito ler tudo isso, e pela primeira vez não entender. Dorzinha? Uma puta dor terrível. Uma puta saudade de você. Te amo.

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  7. Acho que ninguém no mundo me conhece mais que você. Dor ? Sei bem o que é isso. E eu estive sempre por aqui, Vida.

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  8. Tem um poema que diz assim “Trago ao Universo um novo Universo / Porque trago ao Universo ele-próprio”. E assim que soam teus textos escritos em primeira pessoa, idiossincraticamente, e ressoam o universo.

    Desta forma, nada melhor que o próprio poema.

    ---
    “Deste modo ou daquele modo,
    Conforme calha ou não calha,
    Podendo às vezes dizer o que penso,
    E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
    Vou escrevendo os meus versos sem querer,
    Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
    Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
    Como dar-me o sol de fora.

    Procuro dizer o que sinto
    Sem pensar em que o sinto.
    Procuro encostar as palavras à ideia
    E não precisar dum corredor
    Do pensamento para as palavras.
    Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
    O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
    Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

    Procuro despir-me do que aprendi,
    Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
    E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
    Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
    Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
    Mas um animal humano que a Natureza produziu.

    E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
    Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
    E assim escrevo, ora bem, ora mal,
    Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
    Caindo aqui, levantando-me acolá,
    Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

    Ainda assim, sou alguém.
    Sou o Descobridor da Natureza.
    Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
    Trago ao Universo um novo Universo
    Porque trago ao Universo ele-próprio"

    (Alberto Caeiro)
    ---

    Continue escrevendo, sempre.

    E, faço vozes ao “Eu quero que se FODA essa porra de sociedade”.

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  9. tenho um selinho para vc no blog..
    nao sei se vc gosta disso..
    mas enfim ..indiquei seu blog, que eu gosto muito..
    abraços..

    http://papiando-adoidado.blogspot.com/2011/05/selinhos-do-blog.html

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